Chris Martin no show do Coldplay, considerados por muitos como o melhor do Rock in Rio 2011
Então é isso. Após 7 dias de shows distribuídos em duas semanas, o Rock in Rio acabou com uma fina camada que separa a satisfação do "poderia ter sido melhor". Poderia ter sido melhor por causa das falhas na equalização do som principalmente no Palco Sunset (que estragou a apresentação dos Móveis Coloniais de Acaju, por exemplo), da distribuição dos artistas na programação (imagina quão melhor seria Stevie Wonder e Elton John no mesmo dia ou Snow Patrl abrindo para Coldplay?) ou dos próprios artistas (vide os shows vergonhosos de Claudia Leitte e Ke$ha). Mas, a despeito das falhas, não dá para negar que essa quarta edição do Rock in Rio no Brasil foi um sucesso. Que o digam as 100 mil pessoas que compunham a platéia, girando as camisas no show exemplar de Skank ou cantando o coro melancolicamente maravilhoso de Fix You do Coldplay. Os hashtags referentes aos artistas tomando conta do twitter e outros memes da net, como o 'beijo' (e coloque aspas nesse 'beijo'!) de Katy Perry no fã de Sorocaba, são bons indicadores da repercussão do evento.
Mas existe um ponto mais profundo que merece ser criticado. Talvez o ponto que desmascare a política podre que está em grande parte das negociações no Brasil. Só haviam três maneiras de assistir os shows aqui no Brasil: pela Rede Globo, de madrugada e com os shows editados; pelo Multishow, filiada da Rede Globo, que transmitiu ao vivo; ou pelo site da Rede Globo. Ou seja, em plena democracia, a Rede Globo tem o monopólio desse evento (e de vários outros), e ainda o transmite porcamente. É claro que, por não atingir o público alvo, o vulgo 'canal 10' não trocaria seu milionário horário nobre pelas apresentações de rock praticamente desconhecidas pela massa. Mas restringir o público para o canal pago não ajuda na satisfação do cliente. Sim, você poderia assistir online, mas com uma qualidade sofrível, muito delay e travando na mesma intensidade. A transmissão mundial que teve pelo Youtube foi bloqueada no Brasil para que a Globo tivesse exclusividade. Por que a MTV, por exemplo, que está a anos no ramo de musica, não poderia transmitir os shows também? Simples: a exclusividade é decidida, basicamente, por quem paga mais. Não poderia ser mais político que isso. Para quem não sabe, os serviços radiofônicos e televisivos são públicos, e o Estado que deve concedê-los aos particulares (ah, então é por isso que fica fácil para tantos políticos terem filiais de alguma emissora). O problema, então, é na lei, pois política de exclusividade sempre se mostrou um problema. Como consumidor, sei que o monopólio limita a qualidade do nosso produto. Como estudante de comunicação, sei que o monopólio distorce muitas 'verdades'.
Não que eu esteja julgando imprudente o modo que a Globo utilizou sua exclusividade, pois qualquer empresa deve explorar ao máximo suas oportunidades. Mas imprudente é a própria exclusividade! O mesmo ocorre em jogos de futebol, copas e olimpíadas. Só agora, após tantos 'galvões buenos' é que a Record transmitirá uma Olimpíada, por exemplo. Sim, a Record, Band e outras emissoras também transmitiram ineditamente o Pan de 2007, mas isso é considerado extraordinário. Extraordinário deveria ser uma só empresa televisiva transmitir tantas vezes seguidas o mesmo evento. Desabafo à parte, espero que, para a integridade do nosso comércio midiático e pelo respeito ao consumidor, as próximas edições no Brasil (2013 e 2015) tenham uma transmissão mais livre. É triste o consumidor depender tanto de política quando o objetivo é apenas o entretenimento.
Roberto Medina (direita), idealizador do Rock in Rio, confirma a edição de 2013 no Rio.
2 comentários:
Ótimo post! Apenas uma ressalva, o Pan do Brasil foi em 2007.
opa! vlw, erro corrigido.
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