Biografia e análise das obras dos BEATLES. Mini-documentário ao final do post.
"John, o rebelde; Paul, o romântico; George, o místico; Ringo, o palhaço"
É fato que eles são a maior banda do mundo (em valor quantitativo). Basta ver os mais de 170 milhões de discos vendidos e os 140.000.000 de resultados da palavra "Beatles" no Google, mais de três vezes a palavra "Osama" - bin Laden. E os números não param por aí. Até hoje, na Era Digital, eles são a banda com mais álbuns baixados no iTunes. Isso é apenas uma amostragem que justifica o título de MELHOR banda do mundo, agora sim, em valor qualitativo. O sucesso alcançado, que chegou a mover uma geração inteira, muitas vezes é encarado como uma mera fase da vida, como disse o guitarrista George Harrison.
Portanto, exatamente por essa divinização da banda, que é quase impossível para os jornalistas abordarem todos os pontos e as diversas faces dos Beatles sem causar alguma contradição ou esquecer outros pontos. O artigo, assim, tem como objetivo ser breve e mostrar os principais pontos de cada etapa do Fab Four.
Não perca o mini-documentário no fim do post.
Não perca o mini-documentário no fim do post.
PRÉ-BEATLES
John Lennon, guitarrista da banda, sempre teve um interesse pela arte, que começou com os poemas típicos de adolescentes. Isso se aperfeiçoou quando, aos 16 anos, ele formou e liderou The Quarryman, um grupo de skiffle (um rock rudimentar tocado em bares e festas) . Um ano se passou até ele conhecer Paul McCartney, que tocava violão em outro grupo de skiffle, e este quis ingressar na banda de Lennon. Ironicamente, Lennon quase não o deixou participar por medo de se sentir fora dos holofotes por causa do talento de Paul.
Assim a banda prosseguiu por mais um ano até Paul apresentar o jovem George Harrison a Lennon. Paul, pela bondade do destino, tinha conhecido George em um ônibus a caminho da escola, e logo percebeu a semelhança musical com o garoto. George, aos 14 anos (o que quase o impediu de entrar na banda, novamente por conta de Lennon), já manejava bem a guitarra.
John, Paul e George antes da formação oficial dos Beatles
A ASCENDÊNCIA DOS GAROTOS DE LIVERPOOL
John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr eram jovens carismáticos considerados "sem sal" e ordinários tocando o bom e velho rock'n roll, com leves arranjos do Pop. E foi nesse clima que a banda se juntou para gravar Please please me, o álbum de estréia. As gravações foram seguidas, como se gravassem um show ao vivo, resultando em uma qualidade de som pobre, mesmo que fosse normal para a época. Esse som, porém, começou a despertar a atenção da mídia. Twist and Shout até hoje é creditada à eles (apesar de ser cover) e Love Me Do e a faixa-título já conferiam um caráter melódico bem característico da banda. O instrumental, porém, ainda deixava muito a desejar; ponto que foi mais que suprido com o passar do tempo.
Um ano depois, em 1963, e já com uma imagem mais nítida no mercado, o grupo lançou o álbum With The Beatles, no qual repete a mesma forma do anterior: melodias fáceis, metade das músicas eram covers e novamente esbanjavam presença de palco. O carisma nos shows, aliados às letras sobre amor entre jovens foi a fórmula perfeita para o sucesso no público feminino. Neste momento os Beatles já eram referências de outras boy bands. É interessante notar que as canções tiveram um impacto maior, como All My Loving e Mr. Postman.
FAB FOUR - O AUGE DA BEATLEMANIA
"Foi o nosso auge", disse John Lennon sobre a época em que os Beatles lançaram o filme A Hard Day's Night e seu álbum homônimo. O filme, aliás, tratava exatamente do assédio tanto do público feminino quanto da imprensa. Percebe-se que os "reis do Ié-Ié-Ié" influenciaram uma geração inteira. Isso, ao contrário do que ocorreu no decorrer dos anos, não os incomodava. O álbum, que também foi um sucesso, não trazia muitas surpresas, sendo destaque apenas as harmonias mais rebuscadas, como se pode notar na música If I Feel, e a melhora significante da qualidade de som. A falta de surpresa não quer dizer, obviamente, que se trata de um álbum medíocre, pois tem boas músicas e hits como Can't Buy Me Love. No mesmo ano lançaram o single She Loves You, canção mais vendida até hoje no Reino Unido.
A demanda pelos jovens na época estava tão grande que não esperaram nem seis meses para, em dezembro de 1964, lançar Beatles For Sale, álbum considerado um retrocesso artístico do grupo. O título se dá pela volta de covers e nenhuma composição forte, exceto Eight Days A Week.
Mesmo com esse impecilho, o auge perdurou até a viagem aos E.U.A. no tour do álbum Help!. Ao contrário das outras obras, Help! teve uma mudança na sonoridade instrumental da banda, tendo a introdução do piano como ponto forte. Os riffs de guitarra de George Harrison e hits internacionais como Ticket to Ride, a própria faixa-título e Yesterday (simplesmente a música mais regravada do mundo) dão um sabor especial ao cd, que ainda conta com dois covers.
O AMADURECIMENTO
Em 1965 os Beatles lançaram seu sexto álbum: Rubber Soul, tido como muitos o primeiro passo para o que a banda realmente viria a ser artisticamente. O amadurecimento das letras, como o filosófico Nowhere Man ou a melancolia de Girl, já mostrava o potencial poético de Lennon/McCartney, a dupla compositora mais conhecida do globo. E George, aos poucos, aumentava sua participação como compositor.
A mais real e significativa das mudanças veio em 1966 (honrando a tradição de lançar um álbum por ano), com Revolver. Era a introdução na onda psicodélica e praticamente a afirmação do polêmico envolvimento com drogas. Esse relacionamento com o psicodélico deixaria uma cicatriz em todas as outras músicas da banda, o que, de certa forma, é uma marca registrada (como o vocal de apoio). "Somos um grupo de rock que toca outros gêneros", foi como o baixista Paul justificou o ecletismo das músicas.
Neste tempo de mudanças que a banda de Liverpool surpreendeu o mundo, mais uma vez, com Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band, que contava com uma orquestração completa conduzida pelo produtor George Martin (que já a experimentara, em menor proporção, em algumas músicas anteriores). Nesse patamar, o grupo já abandonara faz tempo as apresentações ao vivo por causa da complexidade das músicas. Isso incentivou, de certa forma, a valorização do grupo como artístico, estendendo muitas vezes a arte até a própria capa dos cd's.
O Magical Mystery Tour usou uma fórmula parecida do álbum anterior, mas arriscou também lançar um filme psicodélico a ponto de parecer ridículo. As músicas, pelo contrário, estavam cada vez mais emplacando nas paradas do mundo inteiro. Hello, Goodbye, Penny Lane, All You Need is Love e Strawberry Fields, por exemplos, são consideradas umas das melhores músicas deles.
O INÍCIO DO FIM
1968 com certeza não foi o melhor ano para os Beatles. A morte de seu empresário em meados de 1967 abalou o grupo a ponto de atrapalhar a criatividade. Como solução, o guitarrista George Harrison, muito envolvido com a religião hindu, sugeriu uma viagem com o grupo para a Índia para reflexão e busca espiritual. Conseqüentemente, o isolamento e o tédio reavivou a criatividade dos membros, que usaram a composição para, de alguma forma, retomar a rotina. Assim surgiu The Bealtes (White Album), um álbum com 22 canções muito individuais que mais parece um protótipo de como seriam as obras pós-Beatles dos integrantes. Até Ringo se arriscou em uma composição, a divertida Don't Pass Me By.
O clima de desunião não havia acabado quando produziram Yellow Submarine, o menos preferido do público (perdão pelo eufemismo forçado). O álbum nada mais é que uma coletânea de sucessos antigos (como Yellow Submarine e All You Need Is Love), músicas engavetadas e música erudita composta por George Martin.
Mesmo com essa certa reprovação do álbum, é interessante notar mesmo sem essa harmonia emocional dos integrantes a química da banda estava sempre melhorando, nunca deixando a qualidade das músicas decair.
ÚLTIMOS PROJETOS
Novo líder da banda quase que por inércia, Paul McCartney tentou levantar a moral novamente com o projeto Get Back, no qual retomaria as origens da banda tanto na questão instrumental quanto nas apresentações, resultando no lendário último show no telhado. Infelizmente, o projeto fracassou e alimentou ainda mais o ego dos membros. O resultado material, porém, não decepcionou. Let It Be - nome que acabou substituindo o projeto Get Back - é uma obra impecável tanto nas composições quanto em harmonia (que teve críticas por não ser produzido pelo até então onipresente George Martin).
Esses pequenos desencontros acabou levando o filme/álbum a uma demora de quase dois anos para ser lançado (1970), causando uma certa incongruência na linha do tempo. Isso porque o último álbum gravado e obra-prima do grupo, Abbey Road, acabou sendo lançando ainda em 1969.
Este último álbum foi o show de despedida. Show tanto no sentido de qualidade sonora, musical e no impacto na mídia - com um destaque com "d" maiúsculo para a evolução nas composições de George Harrison. Foi desta forma que acabou aquele conjunto de jovens com o mesmo corte de cabelo que levavam as meninas à loucura, que cresceram e ajudaram a cultura a crescer, que amadureceram e ajudaram a cultura amadurecer. Como disse Paul na poética The End, "no final o amor que você recebe é equivalente ao amor que você dá".
A capa do Abbey Road é uma das imagens mais famosas do mundo
O ponto final, surpreendente, foi quando George, Paul e Ringo se reuniram anos depois, sendo que John já havia morrido, e regravaram algumas músicas (duas compostas por Lennon antes da morte, por sinal) e lançaram o Anthology, quase como uma flor no túmulo da maior banda do mundo.
Curta agora um mini-documentário resumindo a carreira da banda:
BAIXE aqui os álbuns de The Beatles
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